segunda-feira, 31 de maio de 2010

Os buracos que não fecham

Fracassou mais uma tentativa da BP de conter o vazamento de petróleo. 19 mil barris de petróleo continuam a vazar no Golfo do México no pior acidente de petróleo dos EUA. Enaquanto isso, a Petrobras se endivida e busca capital para empreitadas no pré-sal (http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100531/not_imp559214,0.php). A China -espertamente - já se predispôs a aportar parte do imenso capital necessário (Estima-se meio PIB brasileiro para meia dúzias de poços em águas profundas) para a aventura em troca de petróleo. Espertamente porque receberá apenas o resultado, sem dividir o risco (um acidente como este seria bem longe dos mares da China).
Já o Brasil segue encantado, achando provavelmente que a Petrobras está a anos luz da BP para lidar com um problema destes. Quem conhece, entretanto, a estatal, sabe que a realidade não é essa. Em um estado grande produtor de petróleo como o Espírito Santo, sequer há um Centro de Defesa Ambiental (CDA), o que é o básico em se falando de prevenção. Tanto é assim que a tão aclamada líder em exploração em águas profundas se limitou à cessão de alguns equipamentos e enviou um funcionário para acompanhar (aprender?) as vãs tentativas da sua prima inglesa.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Olhando pra frente

Além de evidenciar a tradicional falta de coesão das políticas públicas no Brasil, a confusão gerada na divulgação do programa de incentivo ao carro elétrico nesta semana (http://moglobo.globo.com/integra.asp?txtUrl=/economia/mat/2010/05/27/impasse-entre-ministerios-da-fazenda-do-desenvolvimento-atrasa-plano-de-incentivo-carro-eletrico-916714238.asp) mostra também uma encruzilhada tecnológica do Brasil.
De um lado, toda a indústria automobilística está fazendo uma opção tecnológica pelo carro elétrico, de outro o Brasil tem uma opção, ainda que não tão eficaz para a redução das emissões dos veículos de transporte, muito mais acessível e viável para uma migração em curto prazo: o etanol.
A primeira oportunidade de ter exportado essa tecnologia já consolidada quando não havia nenhuma opção para o mundo já foi perdida. A indústria automobilística já está consolidando o seu caminho na direção do carro elétrico e a forte indústria brasileira não pode ficar à margem desse processo, por isso seria importante um programa como esse.
Por outro lado, a solução do etanol e os seus representantes têm que buscar as lacunas dessa nova tecnologia como, por exemplo, a necessidade de autonomia dos veículos. A eletricidade é completamente inadequada para veículos de carga e de longa distância. Esse é um segmento extremamente relevante e que por hora se utiliza somente de combustíveis fósseis (até no Brasil, a parte renovável desse tipo de combustível é somente os 5% de biodiesel exigidos no diesel). O direcionamento do foco ajudaria ao setor de etanol e seus defensores uma viabilização dos seus objetivos e evitaria outra oportunidade perdida de ter a sua solução disseminada mundialmente.

terça-feira, 25 de maio de 2010

A maré trouxe e trará de volta a sujeira

Somente depois de trinta e quatro dias de petróleo jorrando livremente no Golfo do México é que as primeiras vozes contra a exploração de petróleo no fundo do mar aqui no Brasil começaram a se manifestar como mostra a coluna da Miriam Leitão no O Globo de hoje (http://www.diariodepernambuco.com.br/2010/05/25/economia6_0.asp). Já não era em tempo. Isso mostra o tabu que representa no Brasil ir contra o pré-sal. Atualmente parece ser muito mais antipatriótico ser contra a exploração do pré-sal, do que torcer contra a seleção brasileira. E ninguém se pergunta o porquê disso tudo.
Os gastos já são imensos como mostra o artigo, mas deveriam ser maiores ainda para incluir o risco da operação, que não é somente da empresa, mas principalmente nosso. Tudo para caminhar exatamente na direção oposta da criação de uma economia de baixo carbono que viabilizaria a sociedade frente ao desafio do aquecimento global. É importante perceber que hoje o petróleo chega na costa da Flórida, o estado turístico que na eleição de 2000, ao decidir por Bush, deu uma sobrevida maior à economia baseada no óleo que assolará a sua economia.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Três breves postagens

Apesar de eventos climáticos extremos terem recentemente se distribuído pelo país, parece ser o estado de Santa Catarina o que mais sofre com o drama. Anteontem à noite choveu o dobro do esperado para o mês todo. Em Florianópolis foi a maior tromba d´água dos últimos 90 anos. Isso em pleno outono.

No Estadão de hoje há outro excelente artigo, desta vez de Thomas Friedmann (http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100520/not_imp554176,0.php) mostrando como Obama hesita num momento que não se pode hesitar.

Pena que a Copa será na Africa do Sul e não na Irlanda. Enquanto essa inaugura um estádio modelo em sustentabilidade (http://verde.br.msn.com/artigo.aspx?cp-documentid=24292788), o país-sede da Copa, embora passe por um racionamento de energia elétrica, deixa a luz dos seus estádios ligada a noite toda.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Por uma melhor ocupação das nossas terras

No Estadão de hoje há um ótimo artigo de André Meloni Nassar http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100519/not_imp553719,0.php) contendo propostas para o código florestal brasileiro superar os impasses sobre a reserva legal e promover uma melhor ocupação das terras brasileiras levando em conta os fundamentais serviços ambientais da floresta conservada. No Brasil, um país que ao mesmo tempo tem a grande parte da sua biodiversidade conservada (muito embora sobre constante pressão) e a área agriculturável extremamente subaproveitada (quase quatro quintos da área agriculturável é ocupada por pastos), essa questão se mostra tão fundamental quanto não resolvida. A revisão do código florestal tem uma imensa responsabilidade de dar um passo à frente e não para trás na criação de valor para a conservação florestal. Dar valor para a floresta conservada é um ótimo passo.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Contra o vento

Como fica claro no editorial de José Goldemberg no Estadão de hoje (http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100517/not_imp552732,0.php), enfim o governo se colocou na direção correta nos seus Planos Decenais de Energia. Mas além da questão da eficiência energética pouco contemplada no plano, a energia eólica também tem um espaço muito pequeno (6 mil MW para 1019), o que é incompatível com o crescimento dessa forma de energia ao redor do mundo e com a competitividade mostrada no último leilão dessa fonte específica, realizado no fim do ano passado. Os números do plano para 2019 indicam quase nada além do que já foi negociado. Esperemos que isso mude nos planos subseqüentes, assim como se retirou o foco nas termoelétricas movidas a combustíveis fósseis. Mais ainda, esperemos que os planos parem de remar contra a maré e o vento, buscando alternativas energéticas que se mostram extremamente complicadas em tempo de preocupação com as mudanças climáticas e a manutenção da biodiversidade. Para a eólica, o vento está a favor, basta apenas içar a vela.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Os velozes atrasados

Já não era hora de a F1 que é a principal responsável por inovações para a indústria automobilística voltar os seus olhos também para os aspectos de eficiência energética. Mas para 2013. O revolucionário kers - que fizeram a diferença no ano passado, aproveitando a energia cinética da frenagem - devem voltar, assim como os turbos – revolucionários ainda nos anos 80 - para a economia dos motores, que serão além de tudo híbridos. A idéia é assegurar que o consumo de combustível seja reduzido pela metade, sem perda de potência significativa. Mais do que reduzir o seu próprio consumo, a F1 estará voltando ao seu papel de criar as inovações necessárias para os carros de passeio, dessa vez na mão correta. Pena que o uso de biocombustíveis não está no pacote de inovações.

terça-feira, 11 de maio de 2010

É a economia, estúpido!

Está cada vez mais claro que quando falamos de conservação ambiental, na verdade falamos de economia. Ou mais propriamente das condições necessárias para que a economia possa se desenvolver com alguma segurança. Estudos como o recém publicado (http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100511/not_imp549948,0.php) pelo Programa para o Meio Ambiente das Nações Unidas –Pnuma – é mais uma evidência desse aspecto. Desse modo tanto os estereótipos tanto do homem de negócios quanto do ambientalista tendem a se dissipar no decorrer desse século. Quem não entender falará sozinho.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Silêncio diante das cenas

Enquanto o Governador Arnold Schwarzenegger teve o bom senso de, mesmo que precisando, desistir de dar apoio estatal para a exploração de petróleo no mar (http://g1.globo.com/bom-dia-brasil/noticia/2010/05/california-desiste-de-apoiar-exploracao-de-petroleo-no-mar.html), no Brasil encantado com o Pré-sal reina o silêncio - não só o esperado(da indústria e do estado) mas também o da opinião pública.