quarta-feira, 30 de junho de 2010

Ouvidos (realmente) moucos

É incrível como um país em que até mesmo um aparentemente inofensivo bueiro explode, pode confiar tanto que não vai acontecer nada com suas perfurações de petróleo em águas cada vez mais profundas.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

A nova realidade e as disputas (não esportivas) na África

É consenso que a China em seu ritmo de crescimento logo mais esbarrará no gargalo da falta de recursos naturais. Por isso ela mantém seu apetite em países estrangeiros focando o investimento especialmente no setor de produtos primários a fim de assegurar o suprimento de recursos no futuro próximo. A carente África é vista como uma oportunidade. Mas é de lá onde os conflitos característicos desse século devem se evidenciar – ou melhor, já se evidenciam (http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,paises-africanos-brigam-pelas-aguas-do-nilo,572147,0.htm). Nesta notícia chamam a atenção as taxas de natalidade – que alimentam o ciclo exigindo volumes colossais de investimentos e, intervenções drásticas no corpo d´água e naturalmente, um clima pouco amistoso.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

O relógio do tempo

25 milhões de pessoas afetadas e 175 mortos por tempestades na populosa China (http://noticias.br.msn.com/artigo.aspx?cp-documentid=24641921). Na pequena Alagoas quase 60 mil desabrigados, mil desaparecidos (http://noticias.uol.com.br/cotidiano/2010/06/21/calamidade-publica-e-decretada-em-15-cidades-de-alagoas-1087-estao-desaparecidos.jhtm). Dos dois lados do mundo as chuvas intensas castigam. Políticas Públicas para a adaptação às mudanças climáticas já são imprescindíveis, principalmente com os tropeços na migração para a economia de baixo carbono.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

O futuro do passado e a cidade

No decorrer do século passado, São Paulo cresceu em um ritmo nunca visto. Um bom panorama pode ser conferido num ótimo artigo do Estadão (http://issonaoenormal.com.br/post/os-rios-foram-asfaltados). É uma das mais claras demonstrações do sentimento geral do referido século de que a engenharia humana poderia sobrepujar os limites naturais Hoje sofremos o impacto de tal concepção. Diante disso tivemos que mudar inclusive a concepção de futuro. A antes expansão ilimitada (inclusive em direção ao espaço sideral) da engenharia humana deixou de representar o futuro. No novo século, o futuro se apresenta como a busca de integração com a antes adversária natureza e a engenharia humana se dedica a entender melhor como funciona a mesma.

terça-feira, 15 de junho de 2010

A insustentabilidade de cada dia

Hoje, às 6h00 da manhã passaram-se sete ônibus daqueles grandes (um logo depois do outro) que eu não pude pegar de tão cheios. Enfim tive que subir no oitavo e ficar espremido sem poder me mexer por uma viagem de uma hora e quarenta e cinco minutos alongada pela incapacidade de ultrapassagem do corredor de ônibus da Rebouças e porque as pessoas tentam desesperadamente entrar em ônibus totalmente lotados - travando ainda mais o sistema.
Chegando ao escritório leio sobre um estudo do Inpe – do ótimo Carlos Nobre - que reforça as preocupações sobre o aquecimento global na região metropolitana de São Paulo (http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100615/not_imp566622,0.php). A atividade matinal, entretanto, me fez atentar para um detalhe do estudo: “A Região Metropolitana de São Paulo possui cerca de 20 milhões de habitantes e as projeções indicam que a mancha urbana será o dobro da atual em 2030.” É, simplesmente, insustentável.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Uma nova Arábia para a nova economia

Até que enfim Obama está tratando o acidente como se deve tratar (http://g1.globo.com/economia-e-negocios/noticia/2010/06/obama-compara-mare-negra-no-golfo-do-mexico-a-atentados-do-119.html). Até agora ele mesmo tratava a sua própria lei de energia e clima como uma prioridade secundária. Quem sabe agora empenhe o mesmo esforço que empenho na alteração do sistema de saúde. E os EUA possam liderar com a China e a EU a mudança de paradigma que precisamos para o século XXI.

E por falar em mudança de paradigma, uma boa notícia para a indústria de energia renovável e, principalmente, para o sofrido Afeganistão. O país que não tem petróleo – contrariando as antigas teorias conspiratórias - tem uma grande reserva de um recurso natural fundamental para a disseminação do carro elétrico: lítio (http://g1.globo.com/economia-e-negocios/noticia/2010/06/eua-revelam-ricas-reservas-de-cobre-e-litio-no-afeganistao.html). Com isso, o país se credencia para ser uma espécie de Arábia Saudita para a nova economia. Esperamos que também com um novo modo de aproveitar a riqueza natural.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

O filtro

Se o enorme e cada vez maior desastre ambiental (http://noticias.br.msn.com/mundo/artigo-bbc.aspx?cp-documentid=24539607) não revelar a definitiva disposição mundial em abrir mão desse recurso sujo em vários sentidos, o fato certamente está revelando novas técnicas de comunicação empresarial (http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100611/not_imp564832,0.php). Notícias, entretanto, vazam mais que petróleo.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Ouvidos moucos

A Noruega, sempre citada como exemplo de produtor de petróleo que consegue conciliar a qualidade de vida da sua população com a vida de exportador de petróleo, dessa vez provavelmente não deve ser seguida. A nação decidiu suspender a prospecção e a instalação de novos poços de petróleo e gás enquanto as condições do acidente não se esclarecerem (http://portosenavios.com.br/site/noticiario/industria-naval/3577-noruega-veta-novos-pocos-de-petroleo-e-gas-no-mar).
Mais do que isso, começa-se a discutir a pertinência da expansão da industria no mar. A indústria de petróleo norueguesa quer perfurar no norte do país, perto das ilhas Lofoten, já no Círculo Polar Ártico, numa área importante para a pesca do bacalhau. Alguns dos membros da coalizão de centro-esquerda que governa o país querem evitar que essa área corra riscos de passar por um desastre semelhante ao do Golfo do México.
Riscos do qual o abençoado Brasil se acha imune.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Alhos com bugalhos

Enquanto não se internalizar custos implícitos, realizar a comparação de Belo Monte com energias alternativas como se fez no estudo publicado pelo Governo (http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100607/not_imp562553,0.php)
, fica difícil uma comparação real. Os custos implícitos são fundamentais para dar uma dimensão real da situação econômica de cada alternativa. Um investimento subsidiado, não pode ignorar o subsídio na sua composição de custos. Muito menos se devem ignorar custos de transmissão. Também deveriam ser internalizados os custos ambientais não só a da barragem e do alagamento, mas também os da própria transmissão e decorrentes perdas de energia. Se internalizando todo esse custo, Belo Monte ainda fosse viável, muito provavelmente seria um ótimo negócio e, consequentemente, vários grupos teriam se interessado no empreendimento. Definitivamente não foi o que aconteceu.

terça-feira, 1 de junho de 2010

O mito dinheiro fácil

No Brasil, o pré-sal virou um verdadeiro tabu. Não se pode renegá-lo, de jeito nenhum. É como se tivesse tomado uma dimensão divina. Prova disso, é que nem mesmo diante do maior acidente de petróleo do mundo ocorrido justamente em plataformas marítimas, a candidata do Partido Verde, que se propõe a colocar o Brasil na economia de baixo carbono, ousa questionar a exploração do pré-sal (http://eleicoes.uol.com.br/2010/ultimas-noticias/2010/06/01/marina-critica-inchaco-da-maquina-publica-e-defende-cortes-de-gastos-para-conter-inflacao.jhtm).
Nem sempre a unanimidade é burra, mas dessa vez – maravilhados com a descoberta de uma mina no quintal – esqueceram de contabilizar os custos. Não somente os diretos que são avaliados de forma otimista na base dos U$ 600 bi - o que equivale à metade de do o PIB brasileiro de 2007 - mas também os implícitos. Ou seja, além de arcar com pelo menos metade de tudo o que o país produz, os tomadores de decisão precisam considerar aspectos que precisam ser internalizados na equação econômica como: riscos (não só de acidentes como esse, mas também menor produtividade que a esperada, etc.), externalidades (como impacto ambiental, acirramento das mudanças climáticas, etc.) e principalmente custo de oportunidade (quanto renderia esse recurso se fosse aplicado em outra atividade ou produto mais compatível com a nova economia que se desenha).
Definitivamente a volúpia do brasileiro pelo pré-sal está mais do que arraigado no brasileiro e não serão os políticos em época de eleição que irão questionar. Só há uma explicação plausível para esse fenômeno. A descoberta de petróleo estar associada ao mito do dinheiro fácil. E qual o brasileiro que não sonhou com isso? Infelizmente, entretanto, não podemos dizer que isso seja uma virtude do nosso povo.