terça-feira, 1 de junho de 2010

O mito dinheiro fácil

No Brasil, o pré-sal virou um verdadeiro tabu. Não se pode renegá-lo, de jeito nenhum. É como se tivesse tomado uma dimensão divina. Prova disso, é que nem mesmo diante do maior acidente de petróleo do mundo ocorrido justamente em plataformas marítimas, a candidata do Partido Verde, que se propõe a colocar o Brasil na economia de baixo carbono, ousa questionar a exploração do pré-sal (http://eleicoes.uol.com.br/2010/ultimas-noticias/2010/06/01/marina-critica-inchaco-da-maquina-publica-e-defende-cortes-de-gastos-para-conter-inflacao.jhtm).
Nem sempre a unanimidade é burra, mas dessa vez – maravilhados com a descoberta de uma mina no quintal – esqueceram de contabilizar os custos. Não somente os diretos que são avaliados de forma otimista na base dos U$ 600 bi - o que equivale à metade de do o PIB brasileiro de 2007 - mas também os implícitos. Ou seja, além de arcar com pelo menos metade de tudo o que o país produz, os tomadores de decisão precisam considerar aspectos que precisam ser internalizados na equação econômica como: riscos (não só de acidentes como esse, mas também menor produtividade que a esperada, etc.), externalidades (como impacto ambiental, acirramento das mudanças climáticas, etc.) e principalmente custo de oportunidade (quanto renderia esse recurso se fosse aplicado em outra atividade ou produto mais compatível com a nova economia que se desenha).
Definitivamente a volúpia do brasileiro pelo pré-sal está mais do que arraigado no brasileiro e não serão os políticos em época de eleição que irão questionar. Só há uma explicação plausível para esse fenômeno. A descoberta de petróleo estar associada ao mito do dinheiro fácil. E qual o brasileiro que não sonhou com isso? Infelizmente, entretanto, não podemos dizer que isso seja uma virtude do nosso povo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário