quinta-feira, 8 de abril de 2010

Desastres surreais

Ontem houve mais um desmoronamento em Niterói. O pior de todos. Mais de 50 casas soterradas. De noite, durante o socorro, não se via muita coisa além da boa vontade das equipes de salvamento e da comunidade. De manhã, o coordenador da Defesa Civil percebe que o que havia deslizado não era terra, era lixo. A comunidade havia se instalado em um antigo lixão e pelo visto ninguém sabia. Os procedimentos tiveram que ser todos alterados para evitar contaminação, mas as equipes já haviam trabalhado naquele terreno contaminado a noite toda.
É muito surreal. O governo e a prefeitura – surpresos – pedem ajuda ao Governo Federal que dedica metade dos recursos do programa Prevenção e Preparação para Desastres para a Bahia (reduto eleitoral do ex-ministro da integração –pasta responsável pelo programa) e o Tribunal de Contas – também surpreso - diz que vai investigar.
O descaso com o tema em um país historicamente mal acostumado só com as benesses naturais é impressionante. Argumentar que os royalties do petróleo são disputados para assegurar a prevenção dos riscos e impactos da atividade só pode ser piada.
O Brasil e seus políticos fariam um grande favor ao bom senso se começassem a usar esses recursos para o seu devido fim e um deles é garantir segurança para a sua população em um mundo cheio de riscos climáticos. Riscos proporcionados por um aquecimento global do qual os combustíveis fósseis como o petróleo são os principais responsáveis. Se for necessário mais recursos para o Rio e para o Brasil, deixamos de choradeira: que se taxe mais o petróleo, seja com o aumento das alíquotas dos royalies, seja com o outro tributo específico e se dê um jeito nessas aberrações ambientais.
A seguir desse jeito levaremos todos os títulos de surrealidades nos próximos anos. Não é qualquer país que consegue repetir o feito de soterrar a sua população com seu próprio lixo.

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