segunda-feira, 22 de março de 2010

A água e o senso de emergência

Embora desde adolescente eu tenha a percepção geral da necessidade do equilíbrio ecológico para o bem estar humano, a questão hídrica que me fez perceber claramente que crises ambientais já não são questões futurísticas. A crise da água já é uma realidade - e não é de hoje.
Não são todos que se lembram, mas na metade dos anos noventa, tínhamos um rodízio de abastecimento de água institucionalizado na Região Metropolitana de São Paulo, com cronograma de abastecimento e a certeza de que água não era um luxo de todo dia. A situação melhorou quando a região ampliou a quantidade de água importada de outras bacias. Em especial dos rios que também abastecem a Região Metropolitana de Campinas. Quase metade da água consumida em São Paulo é importada dessa região. Poucas bacias hidrográficas poderiam dar conta de abastecer duas regiões metropolitanas desses portes e que, pior, continuam crescendo. E o resultado não poderia ser outro: já não há mais água para todos. São Paulo já começou a buscar mananciais em outras bacias. O Vale do Paraíba já está na mira. Muita disputa se dará com a região, que é extremamente relevante. Ainda mais porque a bacia abastece grande parte do estado do Rio de Janeiro.
Embora essas disputas não venham à tona com a transparência necessária, muito já se avançou na conscientização da importância da preservação desse elemento para a nossa qualidade de vida e atividade econômica. O consumo mensal médio por residência caiu de 19 mil litros para 13 mil litros em de 1998 para cá. As indústrias têm avançado consideravelmente e programas de racionalização do uso de água, mas isso não tem sido suficiente para evitar todos esses conflitos. Afinal, só na RMSP, mil novas ligações são feitas a cada ano.
Além da evidente universalização de tratamento de esgotos, duas ferramentas precisam ser implantadas e universalizadas urgentemente para dar racionalidade ao manejo desse elemento essencial e evitar os conflitos eminentes: a cobrança pelo uso da água e o pagamento por serviços ambientais. De um lado se controla o consumo e de outro se assegura a quantidade e a qualidade desse elemento essencial não só para a vida, mas também para a economia. É dar valor para o que de fato tem valor. E nada é mais urgente que isso.

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