terça-feira, 16 de março de 2010

A crise e o anúncio da próxima

Quando essa crise econômica eclodiu, Sérgio Besserman - que apesar de economista, não costuma errar – falou que a crise provavelmente teria mais impacto na redução dos gases efeito do que qualquer iniciativa mundial voltada para a questão das mudanças climáticas. Um ano depois a Agência Internacional de Energia estimou em setembro que as emissões de dióxido de carbono cairiam cerca de 2,6% em 2009 devido ao declínio na atividade industrial.
Entretanto, segundo as mais recentes medições na estação norueguesa Zeppelin, a quantidade de carbono na atmosfera não sentiu tanto o impacto da crise. Continuou a aumentar (393,71 partes por milhão da atmosfera nas primeiras duas semanas de março, contra 393,17 partes por milhão no mesmo período de 2009). A razão é que a crise não foi tão forte quanto se previa. Países gigantes, como China e Índia continuaram a crescer, não tanto quanto antes, mas em um ritmo de fazer inveja ao período recente do Brasil (respectivamente 8,7 e 6,5). A combinação das taxas de crescimentos (ano após ano, sem interrupção) dessas economias com os seus dados populacionais nem de longe parecem caber nesse planeta restrito.
O clima até agora se mostrou a parte mais frágil. As 280 partes por milhão de CO2 (que era uma realidade do período pós industrial) parece uma realidade de outro planeta e os efeitos das mudanças climáticas todos conhecemos já emitem os seus sinais - não só neste ano ainda mais atípico devido a outros fenômenos climáticos-, mas também nos anos recentes. Tudo indica que se não houver mudanças drásticas no comportamento humano, a tão temida crise ambiental não ultrapassará esta geração. Mas nesse ritmo de crescimento e consumo dos chineses e indianos é possível que se sinta falta de outros recursos naturais antes mesmo de se sentir os piores efeitos das mudanças do clima. E o primeiro impacto será, como sempre, nos preços.

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