sexta-feira, 12 de março de 2010

Reflexão sobre as lágrimas

O desespero do governador do Rio de Janeiro - que chegou a cair em prantos - com a possibilidade de perder os recursos dos royalties do petróleo, bem como os números logo levantados para mostrar que o estado iria quebrar, ao invés de me sensibilizar, tornou-me reflexivo. Em princípio parece justo que os estados e municípios afetados pela suja e arriscada atividade do petróleo tenham direito mesmo a compensações. Afinal os royalties tem mesmo essa função: preparar os mesmos tanto para dar conta dos impactos ambientais –os inevitáveis e os possíveis -, bem como para prepará-los para o período posterior, o pós-boom do petróleo. Este último quesito deveria ganhar ainda maior relevância uma vez que o fim do reinado do petróleo é eminente e a sua importância acabará muito antes da exaustão das suas reservas.
Preparar os países, estados, municípios, empresas e comportamentos para a chamada economia de baixo carbono é uma prioridade para todos no mundo atual, até para os mais tradicionais e maiores produtores de petróleo (ver post do dia 10). Os mais diferentes atores estão empenhados nisso e isso será uma questão de sobrevivência durante esse século. Mas será que o Rio está aplicando estes royalties corretamente? Será que os 7,2 bilhões anuais que motivaram o pranto do governador estão mesmo sendo aplicados na preparação do estado e de seus municípios para uma economia de baixo carbono, ou para mitigação e prevenção dos impactos ambientais? Ou será que esse dinheiro serve para simplesmente manter o caixa das pessoas jurídicas. A reação de desespero (parecida com a de quem perde o emprego) e os volumes de recursos levantados (se contrapostos com as fatias orçamentárias das pastas de meio ambiente) demonstram que esses royalties, embora justos, estão sendo aplicados de forma errada.
E isso deveria ser a principal preocupação dos cariocas e fluminenses, pois, mais cedo do que se pensa o petróleo perderá a majestade. E o estado não estará preparado, como não se preparou para outras ocasiões similares como a mudança de capital e nem sequer para situações opostas como o tão querido boom de petróleo (quem conhece Macaé sabe muito bem que não houve preparação nenhuma).
Seria importante que esse susto (acho pouco provável que isso siga adiante), sirva de alerta para as autoridades do estado, que, ao que parece estão muito pouco preparados para o eminente fim da era do petróleo.

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