quarta-feira, 24 de março de 2010

Menos Xico, menos

Xico Graziano é um ambientalista pragmático e talvez por isso a sua gestão na Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo seja boa. Entretanto, no seu artigo de ontem na coluna Opinião do Estado de São Paulo (www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100323/not_imp527986,0.php) ele errou a mão.
Na sua defesa da atividade agropecuária com relação ao seu impacto no aquecimento global foi um tanto quanto condescendente, especialmente com a atividade pecuária, que, especialmente no Brasil tem um impacto extremamente relevante. Não apenas em função da emissão de metano que é significativa ainda que este gás seja só (?!!) 6 vezes maior que o dióxido de carbono, como ele defende no texto.
Isto porque é visível (e não é força de linguagem) que um pasto qualquer fixa muito pouco carbono resgatado da atmosfera. Cálculos detalhados à parte, podemos entender que tudo o que vemos (e o que não vemos, no subsolo) de matéria orgânica e seres vivos é carbono fixado. Deste modo, não é preciso ser matemático para saber que nos vastos campos de pastagem há muito menos carbono fixado do que em outras atividades agrárias, quanto mais se relacionados às áreas originais de mata atlântica ou cerrado.
Isso sem falar nas áreas degradadas (muito mais freqüentes em áreas de pastagem) que obviamente fixam muito menos carbono.
Alia-se a tudo isso a área que ocupa (quase quatro quintos da área agriculturável brasileira) sem agregar valor econômico - e muito menos social - similar. É muita terra, muito recurso natural consumido, para um retorno quase pífio. Tudo com um péssimo balanço de carbono. O setor começa a mudar o seu posicionamento, mas – exceção feitas a poucos pecuaristas – é um dos setores ainda mais atrasados.

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